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quarta-feira, julho 25, 2012

Controlos antidoping

"Pois bem, não é que uma brigada móvel do CNAD ou ADOP, pelas 6.30 da manhã, bateu à porta do ex-ciclista, hoje em dia um cidadão normal, para fazer um controlo surpresa."


Os termos indignados são de José Santos, diretor do Jornal Ciclismo, e diretor desportivo do Boavista.
O ex-ciclista, ou melhor, ciclista embora suspenso, é João Benta, corredor marinhense, e que acusou positivo num controlo antidoping.
João Benta está suspenso da prática da modalidade, mas tal não o dispensou de, aparentemente, continuar na lista de atletas a controlar por parte das brigadas antidoping.
O ciclista e o seu antigo diretor desportivo insurgem-se contra esta prática. Com todo o respeito, discordo dos seus protestos e lamento as vistas curtas neste assunto.
A título prévio, reconheço que fazer controlos às 6.30 talvez não seja o melhor cartão de visita do CNAD ou ADOP. Mas isso não altera a posição de fundo.
O ciclismo é uma modalidade que nos últimos anos tem sido fortemente atingida pelo doping. Campeões que aprendemos a respeitar pelas conquistas nas estradas, afinal de contas, mais não eram do que farsas. 
Não admira, por isso, que hoje em dia, cada ciclista tenha de levar com o ónus do doping em cima.
Por uma infelicidade pessoal, João Benta caiu também nas malhas do doping, o que lhe valeu uma pesada suspensão.
Estando ou não com vontade de retomar a prática da modalidade, o facto é que se durante o período de suspensão João Benta, ou qualquer outro ciclista suspenso por doping, continuar a ser controlado e não acusar nada, sempre é restaurada alguma dignidade e confiança em alguém que um dia teve um ato menos positivo, mas agora se mostra regenerado para a modalidade.
É por isso que não consigo aderir às críticas feitas.
Alguém que gosta verdadeiramente da modalidade deveria dar graças por estes controlos e o que eles, neste caso concreto, provam: que o doping foi uma infelicidade do momento e não é algo permanente. Que quando o ciclista regressar à estrada é uma pessoa diferente.
João Benta não deve, por isso, lamentar-se por o terem acordado às 6.30 da matina para um controlo se já nem pratica a modalidade. 
Deve antes querer regozijar-se pelo facto de, caso esse controlo dê negativo, provar que se regenerou e que merece uma segunda oportunidade no dia em que deseje voltar a retomar a modalidade.

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