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segunda-feira, março 28, 2011

Hoje dei comigo a pensar isto...

Depois dos acontecimentos dos últimos dias, não há dúvidas que a medalha do 10 de Junho merece ir pro Sporting! Ninguém tem feito mais pra levantar a moral do País, à custa de tanto riso, que os viscondinhos de Alvalade!

sexta-feira, março 25, 2011

Voos Charter para o Sporting

Antes mesmo de falar sobre a conferência do Futre, estes vão ser os adeptos que virão nos voos charter para ver o Sporting.

quinta-feira, março 24, 2011

quarta-feira, março 23, 2011

O Márcio

26 anos.
3 filhas menores.
Morreu ontem num brutal acidente de automóvel.
Conheci o Márcio desde muito novo, morou muitos anos perto de mim. Um gajo porreiro.
Sabia que tinha casado, tido uma filha, a partir daí perdi o seu rasto. Até ontem, quando soube da triste notícia do seu falecimento.
Deus o guarde, e sobretudo à sua família, que nem consigo imaginar como deva estar a esta hora.

Meu Deus o que é que eu fui fazer!!

Escrevo a poucas horas de José Sócrates vir anunciar a demissão do Governo ao País.
Neste momento, no Parlamento decorre discussão sobre o PEC IV, onde partidos trocam acusações entre si, sobre quem é que precipitou estes acontecimentos, quem é mais irresponsável, quem é mais incompetente, etc, etc.
Sobre os acontecimentos dos últimos 7 dias, vale apena recordar o seguinte:
(i) No esforço de consolidação Orçamental do último ano, o Governo apresentou medidas duras - PEC I, PEC II, PEC III e OE 2011 - contando com o apoio do principal Partido da oposição que, por diversas vezes, referiu que embora não fosse aquele o caminho que seguiria, o momento e o sentido de Estado impunham, ainda assim, esse apoio.
(ii) Apesar das medidas de consolidação, os mercados não perdoaram e continuaram a cobrar juros altíssimos. O pedido de ajuda externa era cada vez mais uma ameaça.
(iii) O Governo sempre diabolizou o recurso ao FMI, dizendo que estávamos a conseguir controlar o défice, e que iríamos resolver pelas nossas próprias mãos esta situação.
(iv) A imprensa internacional e os recados vindos lá de fora anunciavam que Portugal ainda não estava a fazer o trabalho de casa todo, mais austeridade era necessária.
(v) O principal partido da oposição e o Presidente da República foram deixando bem claro que já estávamos a ir ao fundo dos bolsos dos portugueses. A consolidação teria que envolver outras vertentes, nomeadamente, redução do peso do Estado.
(vi) O Estado manteve sempre que o TGV era para andar para a frente
(vii) Cada vez mais pressionado externamente, Sócrates faz visita-relâmpago à Alemanha para a vassalagem. Ficou a partir daí claro que mais medidas viriam a caminho
(viii) Ao contrário do PEC I, II, III e OE, Sócrates não procurou apoio do principal partido da oposição, não pôs o PR a par da situação. Pura e simplesmente foi apresentar as medidas a Bruxelas, sem que os mais elementares formalismos democráticos, sempre praticados por todos os Primeiros-Ministros antecedentes, fossem desta vez cumpridos.
(ix) Como seria de esperar, nem Presidente nem principal partido da oposição subscreveram algo que foi feito nas costas deles e dado como facto consumado, que teriam de aceitar. Teixeira dos Santos não pode apontar aos outros, como fez hoje, aquilo que ele não fez: "ninguém pediu entendimento".
(x) Resultado, o Governo ficou com as calças nas mãos. A oposição iria levar a questão ao Parlamento e aí chumbá-la redondamente.

segunda-feira, março 21, 2011

Eleições Sporting

Bruno Carvalho continua a fazer a diferença na campanha eleitoral, e neste momento, tudo se projecta para que seja o candidato mais bem posicionado a vencer o acto eleitoral do próximo sábado.
Da minha parte, embora goste do discurso diferente que trouxe para a campanha, pelas críticas pertinentes lançadas, não me consigo, todavia, converter à lista. O folclore à volta do treinador, o fundo de 50M vindo da Rússia, tudo isso cheira a muito esturro, e sabemos como muitos clubes se perderam com Presidentes que chegaram ao poleiro à custa de campanhas assim.
Nota final a propósito da sondagem de A`Bola que hoje dá 40% a Bruno Carvalho.
Este sábado fui ver o Sporting-Leiria e à entrada do Alvaláxia um conjunto de jovens inquiria as pessoas que passavam perguntando: 1) é sócio?; 2) se sim, em quem vai votar. Eu respondi. Mas não me perguntaram para mostrar o cartão de sócio para validarem a minha afirmação. Mais, se quisesse, poderia abordar outra jovem qualquer e dizer "ah, tb quero responder à sondagem". E assim, facilmente, poderia responder 2 ou 3 vezes à sondagem. Isto para dizer, portanto, que controlo...0! Mais, como nesse sábado foi o dia de anúncio do Van Basten, estando a sede de campanha do Bruno Carvalho repleta de apoiantes, é natural que essa sondagem tenha reflectido esse facto. Por isso, há que analisar os dados friamente e daí retirar, pessoalmente, que eles não têm grande rigor científico.

O Sr. Quintino

O final da semana ficou marcado pela triste notícia do falecimento do Sr. Quintino, contínuo do Ciclo (ou EB 2 e 3 António Correia de Oliveira, como actualmente é designado), figura que desde miúdo me habituara a ver a andar na vila/cidade de Esposende de bicicleta, no Pe. Sá Pereira aos Domingos nos jogos da ADE, e que de forma cordial e simpática me dirigia a palavra fosse na rua, ou no ciclo quando ao final do dia ia para lá praticar desporto.
Estou certo que terá sido assim também para milhares de jovens que passaram por aquela casa. A passagem pelo ciclo, liceu, é sempre indissociável das suas figuras (colegas, professores e auxiliares de educação). O contínuo da escola é um deles, e no ciclo, fosse o Sr. Quintino, ou o Sr. Carvoeiro, tivemos a sorte de ter encontrado pessoas que falavam connosco com respeito, e com quem dava gozo conversar, mesmo sabendo-nos uns putos que começavam a dar os primeiros passos na vida.

quarta-feira, março 16, 2011

Sargentão?

Afinal nem holandês, nem italiano, nem espanhol ganhador.
O trunfo de Godinho Lopes para o banco do Sporting, a fazer fé nos jornais de hoje, parece ser Scolari, o seleccionador que deixou marca em Portugal e no Brasil, e que depois de retomar a vida de treinador de clube não mais voltou a ganhar nada (desde flop no Chelsea passando ao anonimato no Palmeiras).
Scolari pode ser muito bom para levantar a moral aos jogadores do Sporting, mas é um treinador que já está na fase descendente da sua carreira (onde lhe assentam melhor as selecções que os clubes propriamente ditos) e não acho que seja o que o clube precise para o seu comando técnico.

terça-feira, março 15, 2011

Os russos

Bruno Carvalho parece apostado em fazer ao Sporting aquilo que vemos multi-milionários russos, árabes ou tailandeses fazerem a clubes europeus, nomeadamente os ingleses, que é comprarem-nos ou largarem lá uns milhões valentes.
Quantas vezes não ouvi consócios ou adeptos de clubes rivais desejarem que aparecesse um Abramovich que pegasse nos seus clubes, transformando-os em equipas galácticas.
Pois eu tenho muitas dúvidas sobre a seriedade e viabilidade dos propalados investidores russos que Bruno Carvalho arranjou (ou que aparentemente estão com ele...pelo menos para aparecerem na foto!). É um caminho perigosíssimo, e se Inácio prefere milhões de fora vindos de alguém que não o BES ou o BCP, entidades que atrofiaram o Sporting como se sabe, pois ainda assim, antes os milhões vindos desses que conhecemos, do que milhões de gente com ar duvidoso e que mais faz soar a lavagem de dinheiro.
Porque razão nunca vimos outros investimentos russos em clubes europeus? Que interesse especial trará o Sporting, com 1 equipa ao nível dum Paços de Ferreira ou Rio Ave?
Como manifestei anteriormente, não tenho um candidato que me encha as medidas a 100%, mas Bruno Carvalho, com esta opção russa, é de excluir.

segunda-feira, março 14, 2011

Um País a afundar-se

11 de Março, 6ª feira negra.
Governo anuncia novo pacote de medidas de austeridade (PEC IV). Que passam, para não variar, pelos impostos. Corte de despesas, despedimentos num Estado que sofre de obesidade mórbida, poucas ou nenhumas palavras.
Não é preciso ser-se letrado em economia para se saber que há um limite a partir do qual aumentar os impostos não vai acrescentar nada aos esforços de recuperação orçamental. Bem pelo contrário. E, parece evidente a toda a gente, Portugal já atingiu esse limite. Mas o Governo continua a querer acreditar que ainda é possível sacar mais algum tostão.
Portugal está a afundar-se, porque os juros não baixam, os mercados continuam sem dar crédito algum ao País, e o FMI é vilipendiado de forma acérrima pelo Governo, que parece que não vamos conseguir sair deste atoleiro.
Sinceramente, coitados de nós que temos a liderar-nos gente sem competência e preparação, um Presidente que deixa as palavras certas para os momentos errados, um Presidente da Comissão Europeia que faz o jogo dos alemães, Portugal está condenado à sua sorte.
Às vezes é preciso bater no fundo para voltar a renascer.

quinta-feira, março 10, 2011

"Tour" de Santiago

A partir de hoje, o blog Uma Espécie tem na sua lista de blogs porreiros pá o "Caminha Comigo", espaço criado pelo João Paulo Torres, ilustre marinhense, a partir do qual dará conta das suas aventuras e desventuras no desafio épico a que se propôs, que é o de percorrer em bicicleta os 800 kms do Caminho francês de Santiago neste período quaresmal.
Um "Tour" para o qual serão precisas muitas forças nas canetas, mas que a oração e apoio de todos que, certamente, quererão acompanhar esta sua peregrinação pessoal não deixarão de contribuir para que no final seja bem sucedido.
Adaptando as mensagens de apoio que se costumam escrever nos pavimentos por onde passa a caravana do Tour de France, aqui deixamos a nossa mensagem de apoio "Go João!".

Momento nostalgia

Ontem ao fazer zapping dei comigo a ver na Sic Radical o "Baywatch" ou "Marés Vivas" como preferirem. Uma série de êxito nos anos 90, e não me refiro apenas à silicone.
Marés Vivas marcaram uma nova forma de encarar o socorrismo nas praias, desde as bóias de salvamento, passando pelos jipes ou bicicletas que fazem a patrulha nas praias.
Muitas boas estórias que prendiam a juventude à televisão. Como todas as boas séries, a certa altura começou a disparatar e os episódios a perderem graça. Acabou sem que tivéssemos dado conta disso, mas o principal já estava feito. Já tinha o seu marco na história.

quarta-feira, março 09, 2011

De luxo!

A exibição ontem do Barça contra o Arsenal.
Os 2 primeiros golos demonstram porque é que esta equipa é a mais forte da Europa, e séria candidata, daqui a 89 anos, a ser eleita a equipa do século.
Gosto muito do Arsenal, equipa conhecida pela excelente troca de bola entre os seus jogadores, mas ontem à noite aquilo foi mau de mais. 0 remates ao fim de 90 minutos, até parecia que era o Sporting que lá tinha estado. Mas não era.
O Arsenal tentou jogar como o Inter de Mourinho jogou em Barça no ano passado, mas nem Wenger é Mourinho, nem os ingleses dominam o catenaccio como os italianos.
O Barça é o mais forte candidato a vencer a Champions deste ano, e estou curioso para ver os outros encontros para vislumbrar que equipa é que poderá, em certa medida, fazer frente ao Messi e mais 10.

segunda-feira, março 07, 2011

O melhor disfarce...

Penso que só pode ser o de pescador de bacalhau da Noruega.
Com o dilúvio que já caiu, mais a chuva que se anuncia nas próximas horas, só o oleado do bom pescador permitirá aguentar a intempérie e, ao mesmo tempo, fazer a festa nas ruas.

A ver!

Fantásticos os diálogos Colin Firth (Bertie) / Geoffrey Rush (Lionel).
A excelência da representação condensada em 110minutos de película que merece a pena ser vista!

sexta-feira, março 04, 2011

Blá Blá Blá

Estão de parabéns porque ganharam o concurso que os levará a tocar na edição 2011 da Queima das Fitas da Universidade do Porto.
Mais um ponto alto para esta banda esposendense, que deve encher de orgulho o concelho, enchendo certamente o contentamento daqueles que de perto acompanharam o seu nascimento, em particular, os membros fundadores da banda que mais tarde viria a tornar-se nos Blá Blá Blá e que, tal como hoje, começou a dar cartas na Garagem do 26.

Eleições Sporting

Para um clube a atravessar uma das mais graves crises da sua história, a notícia de 6 candidatos a concorrerem às próximas eleições é um sinal inesperado de vitalidade que mostra que, afinal, ainda nem tudo está perdido.

Os candidatos posicionam-se, usando as armas que consideram poder melhor funcionar junto dos sócios: desde os fundos milionários com que irão dotar a equipa de futebol, passando por treinadores consagrados até terminar em conceituados directores desportivos.

Alguns nomes confirmados são muito bons, pena não estarem todos na mesma lista. Confesso que, a poucas semanas das eleições, ainda não me consegui decidir na lista preferida.

Dias Ferreira - Ferve com o Sporting (assim como JEB), e apresenta como trunfos Paulo Futre para director do futebol e Frank Rijkaard como treinador.

Não me esqueço da traição do Futre quando voltou a Portugal e teve tudo acertado pra regressar ao Sporting, acabando à última por assinar pelo Benfica. Para quem diz que o Sporting é a sua mãe e pai, é muito pouco para fazer esquecer a ingratidão que atrás me referi...

Futre a mandar no futebol do Sporting? Sinceramente, venha outro...

Godinho Lopes - Tem Luís Duque e Carlos Freitas como os homens fortes do futebol. São nomes que dispensam apresentações. Estiveram ligados aos últimos títulos do clube.

O problema é mesmo o candidato. Godinho Lopes esteve envolvido num processo meio esquisito que está a ser julgado em tribunal, e à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecer. Por isso, não quero para presidente do Sporting alguém com um processo judicial em curso, e não me refiro a um processo de difamação ou injúrias, mas a algo mais grave, como a de negociatas e afins.

Venha o próximo...

Pedro Baltazar - O particular que mais investiu no Sporting nos últimos anos. Parece gostar muito do clube, e querer investir nele à séria, não ficando dependente da banca.

Apresenta como trunfo Zico para treinador. Zico, antigo craque brasileiro, filho de pai português, tem como sonho treinar o Sporting, clube do coração do seu pai e, por arrasto, seu também.

O problema é que Zico, como treinador, não tem grandes provas dadas de sucesso. Muito pelo contrário.

Se for para treinador do Sporting não deposito muita esperança nele para ser o treinador que o clube necessitará para arrebitar o plantel.

Zeferino Boal, Abrantes Mendes, Bruno Carvalho - São os "Defensor Moura" e "José Manuel Coelho" desta campanha. Candidatos sem qualquer hipótese de vencer, e com projectos que não entusiasmam, antes arrefecendo. Não passará por eles a disputa da presidência do Sporting, pelo que não vale a pena perder aqui tempo.

Enfim, não está fácil pra sócio se decidir.

Certezas

Neste ano de 2011, começo a pensar que só existem duas coisas certas nas nossas vidas:
- A morte
- A subida de impostos

Por sinal nenhuma delas é positiva...

quinta-feira, março 03, 2011

Frase da manhã

"A mim sempre me disseram que futebol são 90m. Mas por que é que aqueles gajos agora andam com essas modernices??"
Colega de trabalho sportinguista referindo-se a mais um golo do Benfica no último min de desconto.

quarta-feira, março 02, 2011

Daqui a 2 horas...

Vê se ressuscitas Sporting!!!

A saúde mental dos portugueses

Texto para reflectir

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos.
Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos.
Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público.Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.
Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.
E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.
Pedro Afonso - Médico psiquiatra
(in ‘Público’ 21-06-2010)