Neste momento, no Parlamento decorre discussão sobre o PEC IV, onde partidos trocam acusações entre si, sobre quem é que precipitou estes acontecimentos, quem é mais irresponsável, quem é mais incompetente, etc, etc.
Sobre os acontecimentos dos últimos 7 dias, vale apena recordar o seguinte:
(i) No esforço de consolidação Orçamental do último ano, o Governo apresentou medidas duras - PEC I, PEC II, PEC III e OE 2011 - contando com o apoio do principal Partido da oposição que, por diversas vezes, referiu que embora não fosse aquele o caminho que seguiria, o momento e o sentido de Estado impunham, ainda assim, esse apoio.
(ii) Apesar das medidas de consolidação, os mercados não perdoaram e continuaram a cobrar juros altíssimos. O pedido de ajuda externa era cada vez mais uma ameaça.
(iii) O Governo sempre diabolizou o recurso ao FMI, dizendo que estávamos a conseguir controlar o défice, e que iríamos resolver pelas nossas próprias mãos esta situação.
(iv) A imprensa internacional e os recados vindos lá de fora anunciavam que Portugal ainda não estava a fazer o trabalho de casa todo, mais austeridade era necessária.
(v) O principal partido da oposição e o Presidente da República foram deixando bem claro que já estávamos a ir ao fundo dos bolsos dos portugueses. A consolidação teria que envolver outras vertentes, nomeadamente, redução do peso do Estado.
(vi) O Estado manteve sempre que o TGV era para andar para a frente
(vii) Cada vez mais pressionado externamente, Sócrates faz visita-relâmpago à Alemanha para a vassalagem. Ficou a partir daí claro que mais medidas viriam a caminho
(viii) Ao contrário do PEC I, II, III e OE, Sócrates não procurou apoio do principal partido da oposição, não pôs o PR a par da situação. Pura e simplesmente foi apresentar as medidas a Bruxelas, sem que os mais elementares formalismos democráticos, sempre praticados por todos os Primeiros-Ministros antecedentes, fossem desta vez cumpridos.
(ix) Como seria de esperar, nem Presidente nem principal partido da oposição subscreveram algo que foi feito nas costas deles e dado como facto consumado, que teriam de aceitar. Teixeira dos Santos não pode apontar aos outros, como fez hoje, aquilo que ele não fez: "ninguém pediu entendimento".
(x) Resultado, o Governo ficou com as calças nas mãos. A oposição iria levar a questão ao Parlamento e aí chumbá-la redondamente.
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