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terça-feira, maio 01, 2012

Sim à Reforma da Administração Local

Artigo publicado no Farol de Esposende @ 27 de Abril


A reforma administrativa do poder local que está, atualmente, em discussão, tem suscitado, como seria de esperar, enormes reações.

Como ponto prévio, não será de somenos importância recordar que esta reforma decorre do Memorando assinado entre o Governo português e a Troika, o qual, entre outras medidas, prevê a realização de um plano de consolidação para reorganizar e reduzir significativamente o número de municípios (308) e de freguesias (4.2599).



Dito de outra forma, para que o País pudesse aceder a financiamento, que de outra forma não conseguiria obter, e assim poder cumprir com os seus compromissos, teve de se comprometer com a realização de reformas estruturais, incluindo a da Administração Local.

Apresentada a proposta do Governo que ensaia uma redução de freguesias (por ora a redução de municípios não está contemplada), a resposta por parte dos autarcas foi não foi a mais favorável.

A Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), por exemplo, mostrou-se contra a proposta do Governo, nos termos em que se encontra, não contestando, porém, o princípio da reorganização do mapa do poder local.

Também no concelho de Esposende a resposta foi ligeiramente idêntica.

À proposta que ensaia a redução das atuais 15 freguesias do concelho para apenas 5, os autarcas esposendenses manifestaram, em sessão extraordinária da Assembleia Municipal, a sua rejeição e repúdio a qualquer intenção de extinguir freguesias, seja pela forma de eliminação seja através da fusão ou agregação na proposta da Reforma da Administração Local.

No entanto, e diversamente do que sucedeu com a ANAFRE, parece daqui decorrer que os autarcas esposendenses não ousaram, sequer, discutir qualquer modelo de reforma que visasse tornar as freguesias locais mais competitivas. O que é um erro e um perigo.

Um erro porque exclui à partida a possibilidade de serem criadas novas Freguesias, com ganhos de escala e dimensão, de forma a gerar mais agilidade e reforço do poder de decisão.

Um perigo porque na ausência de qualquer proposta alternativa de reorganização local, quando for altura de a Reforma começar a ser executada, os Esposendenses não serão tidos nem achados.

A discussão da reforma do poder local não pode ser feita como se de um Porto-Benfica se tratasse.

Pegando nos dados provisórios dos Censos 2011, verificamos que no Concelho de Esposende, com 34,361 habitantes, 7 das 15 freguesias têm menos de 1,500 habitantes. Por outro lado, Marinhas é a única freguesia com mais de 5,000 habitantes. Fará sentido, nos dias que correm, que haja esta disparidade? Por outro lado, atendendo ao seu número de habitantes, não consta que Marinhas tenha dificuldades de competitividade ….

Apesar dos números acima referidos, ou das boas práticas conhecidas em Freguesias cujo número de habitantes é igual ao do concelho de Esposende, a verdade é que os autarcas esposendenses ignoraram qualquer mérito que esta reforma pudesse ter, não tendo sequer apresentado razões justificativas para esta recusa liminar, que não apenas o argumento de que as freguesias pouco contribuem para o défice do Estado.

Ainda que contribuam zero, será mesmo necessário termos tantas Freguesias em Portugal?

Que a proposta do Governo pode ser melhorada, não tenho dúvidas. As autarquias são um parceiro essencial na Reforma, e seria muito útil que todos se comprometessem neste desígnio nacional. Pense-se no exemplo de Lisboa, somente a capital do País, e que muito antes desta Reforma, decidiu, por iniciativa própria, realizar um programa de redução das suas freguesias, o qual mereceu um amplo acordo.

Esposende não pode perder esta oportunidade!

Francisco Guimarães de Melo 

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