Confesso que foi com muita expectativa que aguardei pela divulgação, por parte dos partidos candidatos aos órgãos autárquicos de Esposende, das suas listas. Seria, finalmente, o momento dos jovens?
Percorrendo as listas e os nomes propostos, fica a sensação de que os partidos continuam a querer jogar pelo seguro.
No PSD, na lista para a Assembleia Municipal, o primeiro candidato sub-30 só surge apenas no...21.º lugar! Nos primeiros 20 lugares, apenas 3 candidatos têm menos de 40 anos, mas nenhum deles com menos de 35 anos.
É certo que na lista para a Câmara Municipal, surge um candidato a vereador na 6ª posição com 33 anos. Se o PSD conseguir recuperar esse vereador, será a única tónica jovial na equipa camarária. Todos os outros vereadores eleitos terão mais de 40 anos. Claro está que no 7.º e 8.º lugares aparecem dois jovens com 28 anos, mas não sendo eleitos, ou não vindo a ter oportunidade de integrar, ainda que de forma temporária, a equipa camarária, o seu impacto será neutral.
No PS, quando se esperava uma renovação de alto a baixo da sua equipa, verificamos que o candidato proposto vence por ser o candidato mais velho de todos os 4 que se propõem liderar o executivo, e vence por ser o único repetente. Por outro lado, a aposta para vencer a junta unida de Esposende, Marinhas e Gandra, recai em Losa Esteves, um veterano em eleições autárquicas. É certo que se vislumbram algumas caras novas, mas de forma genérica não houve integração substancial de novos quadros. Se o PS mantiver os 2 vereadores, serão os mesmos de há 4 anos.
No caso do CDS, quanto à lista à Câmara Municipal, no que ganha ao PSD pelos 6 primeiros candidatos serem sub-40, perde no facto de não apresentar um único candidato sub-30, enquanto o PSD apresenta ao todo 5. Onde o CDS faz a diferença é por apostar em candidatos muito novos às Juntas de Freguesia. Nas 4 a que concorre, todos têm menos de 35 anos, e uma das candidatas tem, até, 25 anos.
Durante algum tempo Esposende tinha o presidente de câmara mais novo do País. João Cepa, aliás, várias vezes fez questão de o recordar. No entanto, parece ter-se verificado um princípio que uma vez Marcelo Rebelo de Sousa comentou numa aula: os assistentes mais novos, acabados de terminar o curso, são os mais lixados na avaliação dos alunos, numa forma de não querer dar parte de fraco ao Professor mais velho. Ora, no caso de Esposende e do partido cronicamente vencedor, João Cepa, não querendo dar parte de fraco, não fez muito por atribuir responsabilidades maiores aos seus jovens.
Quando há 4 anos, João Paulo Torres se demitiu com estrondo da liderança da JSD de Esposende, chamando a atenção para a falta de aposta na juventude, admiti que fosse a tónica que faltava para que os Partidos maiores olhassem para dentro de casa e para os seus jovens, e se propusessem a querer surfar uma nova onda.
No entanto, passado esse tempo todo, verificamos que ainda há um longo caminho a percorrer. Ou, para usar uma terminologia mais marinha, o mar da renovação política do concelho de Esposende ainda está um pouco "flat".
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