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domingo, setembro 23, 2007

Filmes que AMO (II)

Na semana passada fui ver o Ratatui, nova obra da Pixar/Disney e que está na esteira de outros filmes de animação (de qualidade) que esta dupla nos tem habituado. Fiquei bem agradado com o filme, uma estória com ritmo, animado, mais uma vez as dobragens portuguesas a demonstrarem o porquê de serem das melhores do mundo no género, e gráficos muito bem conseguidos. Várias vezes durante o filme lembrei-me de outro, que para mim continua a ser o nº1, a obra-prima da nova vaga de filmes de animação, e nada atrás da velha guarda. Foi de tal ordem a recordação que no dia seguinte, de uma assentada, comprei os dois filmes existentes até ao momento (um terceiro virá a caminho lá para 2010). Falo, claro está, de Toy Story ( Toy Story - Os rivais; Toy Story - À procura de Woody).

Toy Story é uma ode à amizade, uma ode aos brinquedos e o que eles significam durante a nossa infância, tendo ambos os filmes como denominador comum estes dois aspectos. Por um lado, as desavenças que se criam entre amigos, inevitáveis, as invejazinhas, as pequenas intrigas, mas no final cada um dando o braço a torcer. Por outro lado, a relação que estabelecemos ao longo da nossa vida com os brinquedos. Há os brinquedos que são inseparáveis, a quem dedicamos grande espaço do nosso tempo livre, um fiel companheiro, protagonista dos nossos próprios filmes, mas a certa altura, quando outros interesses se alevantam, desprendemo-nos e somos capazes de os remeter para um segundo plano tal, que pura e simplesmente, deixam de ter lugar na nossa vida. Outros há, que pela sua raridade, ou outro factor, tornam-se objecto de culto, transitando de gerações em gerações.

Todos tivemos as nossas afeições para com os nossos brinquedos dilectos, mas não deixa de ser perturbador pensar no que fizemos a esse brinquedo, na facilidade com que nos desprendemos dele. Certamente que isso é próprio da vida, em que chega uma altura em que partimos para outra, e por certo não há aquele momento em que temos que nos despedir dos brinquedos. Não. Pura e simplesmente, quando damos conta, eles já estão arrumados a um canto, preparados para serem desmantelados, ou entregues a outros que o precisem.
Quanto a isto, nada haverá a fazer. E daí que para os brinquedos, enquanto esta fase de encantamento durar, para eles será o melhor das suas vidas. Toda a alegria que proporcionarem já valerá apena, mesmo que depois passem à história.
Toy Story aborda isto de um modo terno, algo duro, e faz-nos prestar tributo a todos os brinquedos que passaram pelas nossas mãos, e que foram essenciais no desenvolvimento do nosso processo cognitivo.

Fantástica a maneira como os autores souberam captar essas verdades e transpôr para o grande ecrã. Atente-se por exemplo, nesta fantástica canção de Sarah Mclachlan, que traduz de um modo brutal, a desilusão de o brinquedo já não ser mais amado:




Mas Toy Story tem também os seus momentos de redenção. E são impagáveis.
Nunca me canso de voltar a Toy Story. Não me canso de ser por uns momentos um petiz fascinado com a eloquência das cenas, ou um adulto fascinado pela qualidade que brota nos filmes de animação. Toy Story é um filme para toda a família, e que daqui a 50 anos manterá a sua actualidade, não perdendo o interesse. Pode ser tosco nessa altura, mas a essência está lá, e é por isso que está no top 10 dos filmes da minha vida!

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