Há já muito, muito tempo que não ouvia um disco dos U2 do princípio ao fim. Depois de todo o consumo que representou a fase "Vertigo Tour" seguiu-se um período de nojo, que ainda dura até aos dias de hoje, sendo pontuado por um regresso rápido (de vez em quando) a uma ou outra música que por qualquer circunstância deu vontade de ouvir. Agora, um disco, do princípio ao fim, já lá vai imenso tempo.
Hoje, ao acordar, e porque não me apetecia levantar da cama, decidi ficar por lá um pouco mais, mas não sem ter algum ambiente de fundo. Assim, levantei-me, peguei no amontoado de cds espalhados na prateleira, e salta-me logo de início, à vista, o Zooropa. Parei por aí. Era mesmo esse que queria ouvir.
Zooropa é um álbum que ainda hoje divide a comunidade U2niana. Creio mesmo ser o único álbum que está nos antípodas. Por um lado, há quem o ponha nos melhores 3 de sempre. Por outro lado, há quem o considere o álbum menos conseguido da discografia dos U2.
Pela minha parte, quanto mais ouço, mais certo fico de se tratar de um dos melhores álbuns de sempre dos U2, ainda mais arrojado do que Achtung Baby. Eu sei que poderá parecer disparatado, afinal, Achtung Baby é o meu álbum preferido, e marca um corta radical com os U2 dos anos 80. Mas se pensarmos que na euforia de Achtung Baby, numa digressão em pleno andamento, foi de facto ousado os U2 terem aproveitado um intervalo e irem para estúdio. Compôr novas canções é certo, mas quando se poderia estar a preparar mais do mesmo, eis que na esteira do experimentalismo bem sucedido de Achtung Baby, decidem ser ainda mais experimentalistas e compõem canções que inauguram um universo musical ainda não explorado na sua carreira. Não foi, portanto, surpresa quando meses mais tarde vencem o grammy de melhor álbum...alternativo!
Zooropa é um disco em que o todo é de facto muito bom, e tem grandes, grandes canções. Desde logo, Stay, uma das minhas 5 músicas preferidas de toda a carreira deles, e aquela em que melhor me safo a cantar em karaokes. Depois, Lemon e Numb, músicas que representam bem o experimentalismo mais experimental que significa Zooropa. Segue-se um punhado de excelentes canções (Babyface, Dirty Day, Daddy's gonna pay for your crashed car, The first time) terminando no espiritual e religioso The Wanderer, cantado pelo lendário Johnny Cash.
Foi muito bom, depois de longa ausência, regressar a Zooropa e relembrar tudo aquilo que me fez gostar dele, e ficar novamente encantado por ver que os U2 naquela época eram de facto os maiores!
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