Os leitores deste blog, que acompanham as minhas crónicas de treinador de bancada, certamente que me reconhecerão como um romântico do amor à camisola.
Eu ainda sou do tempo em que havia jogadores que só conheciam uma cor da camisola, e não aceitavam vestir mais nenhuma outra.
Os euros, dólares e petro-dólares vieram mudar a lógica do futebol, como a conhecíamos até então, passando a ser usual que um jogador que hoje veste a camisola do Benfica, amanhã esteja a beijar o emblema do Porto, e vice-versa. Perderam-se as referências dos clubes, e a verdade de que "os jogadores passam e o clube fica", tornou-se uma máxima cada vez mais isolada.
Quando o João Moutinho, mais um produto da academia, foi nomeado capitão do Sporting, vi nele um dos últimos resquícios do amor à camisola, um jogador que só se bateria por uma camisola em Portugal. Infelizmente, a sucessão de acontecimentos por ele protagonizados, veio a empalidecer e muito a imagem e empatia que tinha criado, negando a primeira impressão causada, a de que era um dos últimos exemplos do amor à camisola.
Exemplo menor, foi quando disse numa entrevista ter vibrado com os 6 a 3 do Benfica em Alvalade. Era uma frase escusada, que só serviu para irritar os adeptos, como veio a acontecer.
Mas a razão principal, e causa que decididamente mudou o curso dos acontecimentos, foi quando na pré-época de 2008/2009, no final de um amigável, o João Moutinho chamou a imprensa para dizer que se queria ir embora do Sporting, mas que a direcção não o deixava.
Foi uma falta de lealdade de todo o tamanho. Nesse instante, João Moutinho deixou de ser o meu capitão, assim como de praticamente todos os sportinguistas.
E o jogador teve consciência disso. Quem fosse a Alvalade via que a relação já não era a mesma. Quando Moutinho jogava mal, os adeptos não se inibiam de o apupar.
Os últimos dias trouxeram cá para fora aquilo que, em surdina, já se suspeitava. Que Moutinho nunca digerira bem a nega do Sporting ao Everton e que, a partir daí, fez tudo para sair do clube.
Um clube que o tornou a sua principal referência, o melhor jogador pago, etc, etc, e ele acaba por forçar a saída.
Estou como escreve o Bernardo Pires de Lima. Daqui a 20 anos ninguém terá saudades do Moutinho. Não quero um capitão assim, o Sporting não precisa de gente dessa, e só faz falta quem realmente sente o clube, a camisola e respeita os seus adeptos.
O Porto fez um bom negócio. Não tenho dúvidas de que Moutinho dará bom jogador no Porto. Mas será sempre alguém a quem a força de carácter não será, muito provavelmente, uma virtude.
Moutinho preferiu os €€€ à história que protagonizava no Sporting. Não lhe gabo a preferência. Hoje a história (mais recente) do Sporting faz-se do Manuel Fernandes, do Balakov, do Duscher, do Acosta, do André Cruz. Who the fuck is João Moutinho ao lado destes gajos??
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