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terça-feira, outubro 25, 2011

Dan Brown à portuguesa

José Rodrigues dos Santos (JRS)é um jornalista muito competente, dos melhores na sua área, e que ao longo dos anos foi conquistando meritoriamente o respeito e admiração dos seus pares, e particularmente dos telespectadores que acompanham as suas intervenções.

Nos últimos anos, certamente ávido de novos desafios, dedicou-se à literatura, numa das vertentes em que não é qualquer um que é bom escritor: o romance.

Numa impressionante capacidade de trabalho, JRS publica anualmente um romance, com centenas de páginas, que invariavelmente se tornam best-sellers. Um estilo de narrativa e suspense que vai beber a Dan Brown e tem entusiasmado os leitores.

A mais recente obra literária do autor mergulha num tema que abordado pela lógica de causar polémica é logo um sucesso garantido: a Igreja Católica.

JRS propõe-se, neste último livro, questionar a veracidade dos Evangelhos, da virgindade de Nossa Senhora, os irmãos de Jesus Cristo e, à semelhança de Dan Brown, refere no intróito que todos os factos aí relatados, porque decorrem duma extensa e aprofundada investigação, são verdade.

JRS não é o primeiro, nem será o último autor a meter-se em temáticas em que não é por um ano de leituras de Evangelhos, nem de viagens a Israel e aos lugares sagrados, que se fica apto para falar com autoridade e sapiência sobre eles, ou, de outra forma, para se dizer que tudo o que segue no livro é verdade.

Por isso, a única reacção que este livro pode merecer é a de ser um romance que se vai travestindo de obra histórica. O leitor mais incauto confundirá, certamente, um aspecto e outro, mas nisto das leituras convém ter as ideias claras.

Para mim, um livro que comece por dizer "tudo isto é verdade" é demasiado pretensioso para que os factos aí narrados possam ser levados, de uma forma intelectualmente honesta, a sério. Porque qualquer contraditório fica desde logo parado nessa página. Um livro que se queira respeitar não pode colocar essa condição à priori. Não tenho outra leitura senão a do pretensiosismo e falta de vontade de discutir as ideias em lugar próprio. Para JRS esse debate só servirá (e interessará) para publicitar ainda mais a obra e fazer dela o best-seleer.

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