Há uns anos atrás, na minha ingenuidade, e alguma curiosidade mórbida, confesso, assisti no youtube ao vídeo da execução de Saddam Hussein.
Foram imagens arrepiantes que me fizeram logo arrepender do seu visionamento, e dizer a mim mesmo que há limites na vida, e já que a televisão não os sabe impor, que cada um saiba definir os seus limites.
Nos últimos dias têm sucedido os vídeos da execução e maus-tratos de Kaddhafi. Hoje, as agências noticiam mais vídeos, um dos quais, dando conta duma suposta sodomização do tirano.
Mas a quem é que isso interessa? O homem morreu, deixem-no lá em paz e sossego, e parem com as imagens doentias e enjoativas das romarias à morgue onde está o seu corpo, bem como a repetição e repetição do tirano ensaguentado pedindo clemência e os seus carrascos numa agitação nervosa.
A televisão há muito que perdeu o decoro. E nós fomo-nos deixando levar nessa onda.
Ainda sou do tempo em que havia pudor em mostrar certas imagens.
Ontem, por exemplo, a propósito da morte dum piloto de motociclismo, os noticiários da tarde mostravam o corpo do jovem corredor inanimado na pista. À noite, a mesma notícia mas já sem a imagem do corpo inerte na pista. E ainda bem. Num espaço de 7 horas alguém teve o bom senso e achou que já era demais, para além da notícia infeliz em si, e as cenas da queda e atropelamento do corredor, ainda mostrar um corpo na pista.
Estes tempos são doentios e a televisão é o seu reflexo.
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