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segunda-feira, novembro 21, 2011

A hora de Espanha

Esperava há muito por um grande descalabro do PSOE numa eleição legislativa.
Um partido que chegou ao poder da forma que chegou (aproveitando a oferta deixada no colo pela gaffe monumental cometida por Aznar, que acusou a ETA do atentado terrorista em Atocha quando na verdade tinha sido a Al Quaeda), quando nessas eleições distava nas sondagens a larga distância do partido rival, e os próprios concorrentes não acreditavam num volte-face, teve o descaramento de tomar por sufragadas pela população espanhola todas as medidas que constavam no seu programa, com destaque para o aborto e casamento gay, quando, em abono da honestidade intelectual, a transferência dos milhares de votos no acto eleitoral se ficou a dever a um voto de protesto contra o PP, pela forma como tentou adulterar a verdade dos factos de Atocha, do que propriamente por uma identificação com os valores de sociedade "moderna" sufragadas pelo PSOE.
Foi com essa sobranceria e arrogância, que Zapatero virou de alto a baixo a sociedade espanhola, sendo do mais liberal que se poderia imaginar. Uma alteração de 180º na ordem de valores da sociedade espanhola, que seguramente, fosse levada a referendo, e não mereceria a adesão da maioria dos espanhóis.
Espero, muito honestamente, que Rajoy reescreva a história onde esta nunca deveria ter sido mudada, e que Zapatero aproveitou habilidosamente para o fazer, devendo ao tiro no pé de Aznar essa oportunidade.
Tal como em Portugal proclamou-se uma sociedade à luz dos valores e humanidade, com a equiparação dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, o aborto livre, etc. E, decorridos esses anos, o que é que Espanha e Portugal apresentam além disso?
Enorme desemprego, anemia no crescimento económico, sociedade desmotivada, e perspectivas pouco animadoras para o ano que aí vem.
Não há coincidências. Uma sociedade que muda (para pior) os seus valores, mais cedo ou mais tarde, estes acabam por virar-se contra ela.
A crise económica de Espanha e Portugal são apenas um reflexo da empreitada que os seus políticos levaram a cabo, de mudar onde não deviam mudar, e de não agirem nos assuntos da Nação, que realmente importavam, quando o deviam.
José Sócrates e José Rodriguez Zapatero não ficarão na história. Mas deixam grandes danos nas sociedades de que foram, até muito recentemente, responsáveis.

1 comentário:

Manuel Pereira disse...

Francisco, penso que a relação do aborto e casamento gay e a crise está um pouco errada...

Deveríamos estar mais insidiosos sobre quem andou a conceder empréstimos-habitação de 200.000€,sobrevalorizados pelo banco para conceder crédito para as férias no Brasil e a carrinha alemã de 140cv diesel,com prazos de 45 anos a malta que ganhava 650€/mês com uma prestação inicial de 200€/mês e que hoje paga 450€ com a certeza que só lhe vão dar 110.000€ pela casa...

A nossa verdadeira degradação moral começou quando se construirem castelos em cima de bolhas especulativas...