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terça-feira, dezembro 27, 2011

Capa JN 27.12.11


Exmo. Sr. Director do Jornal de Notícias,

Esta manhã quando me preparava para folhear o Jornal de Notícias (JN), publicação dirigida por V. Exa. e cuja leitura faz parte do meu quotidiano matinal há vários anos, foi com desagrado que avistei na primeira página, com amplo destaque, o seguinte título “Sexo Oral na Casa dos Segredos”.

Inicialmente, ainda pensei ter visto mal o título, mas a segunda leitura confirmou a primeira impressão.

Perguntei-me então o que terá levado uma publicação centenária, cujo jornalismo assente no rigor, objectividade e dar notícias foi sempre sua prática corrente, trocar esses mesmos princípios de excelência pelo sensacionalismo e, logo, do mais rasca?

Para grande pena minha, não bastava o programa “Casa dos Segredos” ser um expoente máximo do telelixo nacional, como o JN ainda se associa ao mesmo com o destaque de primeira página que deu a um evento cujo interesse noticioso é (abaixo de) zero.

Que o JN faça alusões nas suas páginas interiores a este tipo de programas ainda se concede, agora que estes programas mereçam destaque de primeira página, como foi o caso que aconteceu, é algo que, francamente, não consigo entender.

E não percebo porque, conforme referi, julgo que existe uma fronteira clara que separa os jornais que se norteiam pelo bom jornalismo, daqueles que se dedicam ao sensacionalismo e em explorar cenas íntimas de interesse público zero.

Para não falar, também, do facto de o JN ser lido por jovens, e com esta capa passar a mensagem errada de que “Sexo Oral” em programa televisivo merece ser notícia de primeira página!

Lamento, por isso, que o JN tenha cedido nos princípios que sempre pautaram a sua actuação jornalística, e expresso o sincero desejo de que haja mais rigor e noção de serviço público na escolha das capas de futuras edições.

Aceite os meus cordiais cumprimentos,

Atenciosamente

Francisco Melo



(email enviado hoje para secdir@jn.pt)

1 comentário:

Manuel Pereira disse...

É isso Francisco, já chega da política do "é mau, mas o público gosta e têm que se dar ao público o que ele gosta"!