Ao contrário do que é próprio em rapazinhos dos 7 aos 77, nunca fui dado a comprar revistas de carros, ver programas sobre carros, ou discutir calorosamente sobre o último Mercedes série 4 v.5, ou o Peugeot 307, 4 cilindradas (nem sei se acabei de dizer monumentais disparates, mas isto serve apenas a título de exemplo). Apesar de me considerar um nabo nesta matéria, reconheço que não sou indiferente a um Ferrari na estrada, ou um bom Audi ou Mercedes (que aprecio pela beleza, e não pelas valências, que essas, a mim, são perfeitamente desconhecidas).
Também nunca fui grande, grande adepto da F1, por achar prova relativamente desinteressante. Ok, a largada é muito emocionante sim senhor; se há um piloto tuga a correr dou mais atenção, mas normalmente, todo o resto da prova já se encontra definido, o que me leva a mudar de canal pela 12ª volta, e a lá regressar para as voltas finais.
No entanto, apesar de tudo isto, adoro o Rally. Desde muito petiz que fui habituado a estas andanças. Recordo com saudade os vários anos, em que por alturas de Março, faltava à escola a meio da semana, eu que nunca faltava, e ficava logo todo preocupado por os meus Pais serem coniventes com a situação, mas afinal, estava desculpado. Era por um bom motivo. Na companhia inolvidável do meu avô, às vezes do meu Pai, outras do shôr Miguel, lá íamos pras encostas de Ponte de Lima, e lugares afins, ver o Rally de Portugal.
Era todo um ritual. Levantar bem cedo, comprar a revista com a informação toda acerca da prova, ir para os lugares, conviver com os outros aficcionados (algumas vezes dávamos ou davam-nos boleia), comer qualquer coisa, e depois uma longa, longa espera, até que chegassem os primeiro carros. Eram apenas fracções de segundos, mas assim que ecoavam os primeiros sons dos motores, o público em largo número presente entrava em euforia, numa agitação que não deixava ninguém indiferente. Recordo de apanhar alguns sustos tamanha era a audácia dos fãs em quererem tirar a melhor foto, levando-os a arriscar a sua própria vida!
Grandes tempos, grandes campeões. Carlos Sainz da Toyota (o preferido dos portugueses), Juha Kankunnen da Lancia (o meu preferido, e cujo carro considerava mais bonito), Didier Auriol, François Delecour, Marku Allen (sim, vi-o correr!), Colin McRae, Maximo Biassion, Jorge Bica, Fernando Peres, Rui Madeira, enfim...Eram provas disputadíssimas e apesar de cada um ter o seu favorito, os restantes não eram menos aplaudidos, ou não fossem ases ao volante.
Este fim-de-semana o Rally regressou a Portugal. Mas penso que sem o encanto de outros tempos, creio. Eu ainda sou do tempo em que a RTP dava no canal principal acompanhamento directo às provas (agora passou para a RTP 2). Por outro lado, o Algarve pode ser mais seguro e etc, mas caramba, Rally de Portugal é aquele que decorria pelas encostas de Ponte de Lima e afins, e com as grandes especiais de Arganil ou da Lousã. Eram verdadeiras romarias. O Algarve é longe pra caramba!
Pelo menos o meu Rally de Portugal será sempre o que se disputava no Norte de Portugal. E oxalá um dia possa repetir com um filho, neto meu, o que os meus "velhos" faziam comigo. Viva o Rally!
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