Assim começa uma cantiga popular, que por esta altura ganha contornos trágicos e comédicos. Carmona Rodrigues, ao melhor estilo raçudo e intempestivo dos engenheiros disse alto e bom som "Eu fico!", pondo em cheque a declaração de véspera de Marques Mendes. No entanto, Carmona pode querer sair por cima, recorrendo para isso à metáfora do comandante que não abandona o navio que se está a afundar, mas podemos usar outra, a do tipo que está enterrado na areia, para podermos afirmar que Carmona está a enterrar-se cada vez mais. Há quem diga que este gesto revela, finalmente, uma posição de força política, mas como em tudo na vida, não basta ser, é preciso parecer. E o que Carmona parece neste momento é a de uma pessoa agarrada ao lugar, que mesmo vendo os seus mais fiéis colaboradores feitos arguidos e, por isso, afastados sabe-se lá até quando dos lugares de vereadores, mesmo assim, teima em continuar. Com isto tudo Lisboa sai prejudicada, e quando pensávamos que coisas destas só aconteceriam em Gondomar, Felgueiras ou Marco de Canaveses, eis que a cidade nº 1 do País, a minha segunda cidade, oferece este triste espectáculo ao mesmo.
Qualquer que seja o desfecho desta novela, dois nomes há a destacar. Pedro Santana Lopes, que se deve estar a rir disto tudo, recordando a sabedoria do povo nesta frase magnífica "atrás de mim virá, quem bom de mim fará", e Marques Mendes, que podendo não cativar, nem ter grandes chances de chegar a PM, dá mostras ao menos de os ter no sítio, e querer limpar a política da mancha da suspeição e falcatruas que paira, muito em particular, sobre os presidentes de câmara. E com esta tomada de posição, dá uma valente bofetada à oposição, em particular ao PS, uma vez que até hoje, nunca ninguém da oposição tomou a iniciativa de se demitir, o que, em termos práticos, levaria a Carmona não ter condições para governar e, assim, ir a eleições. Jogando tudo no mero tacticismo e cálculo políticos, o PS de Lisboa não se destacou nobremente pela diferença, não dando provas de merecer a confiança para governar a cidade, nas próximas eleições.
Para mim, o próximo Presidente da Câmara deve ser uma destas 3 mulheres, pela seguinte ordem de preferência: Maria José Nogueira Pinto, Manuela Ferreira Leite, Paula Teixeira da Cruz. Todas elas suficientemente competentes, e com dinâmica de vitória, para pôr Lisboa no caminho que nunca deveria ter largado.