O que custa a engolir não é que Soares dos Santos tenha cortado o passado com Portugal, esse mantém-no e continua a pagar impostos. É que tenha cortado o futuro. É que tenha decidido investir fora daqui porque aqui não tem por onde crescer, para procurar lucros fora de Portugal, criar postos de trabalho fora de Portugal e, então sim, pagar impostos desse futuro fora de Portugal. Pensando bem, esse é um grande problema e é um problema nosso. Mas investir fora do País não é traição. É apenas desistir dele. E a Jerónimo já partiu para a Polónia há muitos, muitos anos - ou ninguém reparou?
Pedro Santos Guerreiro, Jornal de Negócios, 03.01.12
Um artigo muito lúcido num momento em que muitos se tornam fiscalistas de bancada, e são ditas muitas asneiras, a par de alguns sentimentos menos positivos que não são bons conselheiros.
Soares dos Santos é um investidor, e a um investidor exige-se que decida com a razão e não com o coração.
Se Portugal não capta investimento externo, e não consegue segurar o investimento interno, tal deve-se à ausência de uma política de médio prazo, que mesmo em ocasiões de urgência, como foi a situação do défice, não deve deixar de ser feita.
Os avisos à navegação já tinham sido feitos há muito. Depois não se queixem.
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