Por:Domingos Amaral, director da 'GQ'
Antigamente, a uma rapariga com ares rudes e masculinos, que gostava de andar à pancada ou de jogar futebol, chamava-se "Maria Rapaz". Era um termo carinhoso para caracterizar aquilo que se considerava uma raridade, com ligeiros laivos de excentricidade. Mas, isso era antigamente. Agora, as coisas mudaram. Ainda ontem, numa reportagem de um canal televisivo, uma rapariga de 15 anos considerava "normal" ir para a cama com o namorado logo ao final da primeira semana. Fazer "coisas" com ele era perfeitamente habitual, e ela acrescentava que era isso que as amigas queriam "saber". As conversas entre raparigas, pelo que deduzi, eram uma espécie de competição sobre as actividades que elas praticavam com os namorados, sendo que as que mais impressionavam eram as que mais "coisas" tinham feito.
De repente, dei por mim a pensar que, na época em que eu tinha 15 anos, conversas destas só existiam entre os rapazes. Havia quem fizesse mesmo "coisas" com as namoradas; quem mentisse só para não ficar malvisto, quem inventasse "coisas" que nunca fazia; e quem exagerasse as "coisas" que fazia. Sim, havia de tudo, com muita competição e muita gabarolice à mistura. Mas, havia também uma certeza: nós falávamos dessas "coisas", mas elas, as raparigas, não o faziam. As raparigas podiam fazer "coisas" com os namorados, mas não iam a correr contar às amigas, nem competiam entre elas, gabando e mentindo e exagerando, sobre as "coisas" que tinham feito com os namorados.
É essa a grande transformação dos últimos vinte anos nas relações entre os homens e as mulheres. Agora, as mulheres são todas "Marias Rapazes". Não porque gostem de andar à pancada ou jogar futebol, e muito menos porque tenham ar masculino, mas porque falam como se fossem homens. Tenham 15, 25 ou 35 anos, o que há mais agora são mulheres que parecem saídas directamente de um episódio de "O Sexo e a Cidade", e que passam a vida a conversar com as amigas sobre performances sexuais, sobre as "pinadas" que deram ontem à noite com um tipo que nem conheciam; ou sobre um gajo novo que estão doidas por comer.
Estranhamente, e talvez sem darem por isso, as mulheres adoptaram os mesmos comportamentos masculinos que tanto criticavam no passado, e tornaram-se "Marias Rapazes", competitivas e gabarolas e, claro, muito fantasistas e pouco verdadeiras. É pena, mas é mesmo verdade.
Estranhamente, e talvez sem darem por isso, as mulheres adoptaram os mesmos comportamentos masculinos que tanto criticavam no passado, e tornaram-se "Marias Rapazes", competitivas e gabarolas e, claro, muito fantasistas e pouco verdadeiras. É pena, mas é mesmo verdade.
P.S: A reportagem que Domingos Amaral cita, também a vi. Deu na passada 2ª, na TVI. Uma rapariga dos seus 15 anos dizia isso mesmo: ao fim de 1 semana, se tava mesmo a gostar do rapaz, iam para a cama.
Neco, o famoso articulista do Farol de Esposende, já chamou acertadamente de jumentude a estes jovens que gostam de imitar os comportamentos e atitudes dos mais velhos. É que é mesmo o nome que melhor ocorre.
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