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segunda-feira, dezembro 06, 2010

Notas soltas

- Portugal perdeu a corrida à organização do Mundial 2018. Ainda bem! Foi uma derrota saborosa. A candidatura já de si era sofrível, pois os principais jogos iam todos para Espanha, e depois não se via qualquer mais-valia económica na realização de tal empreitada, por muito que Madaíl e seus comparsas dissessem o contrário.
Custa que Sócrates e Zapatero, que têm em mãos a pior crise dos últimos 15 anos, tenham embandeirado nesta loucura. Tivessem juízo e teriam posto fim a esta brincadeira, com a mesma determinação (?) com que suspenderam o TGV.
- Marinho Pinto foi reeleito Bastonário da Ordem dos Advogados. Foi uma não surpresa. O estilo agressivo, trauliteiro, muitas vezes a roçar a má educação, contribuiu para baixar o nível e prestígio da Ordem junto da sociedade. Mas não é a sociedade que dá votos, mas sim os advogados. E aí há milhares e milhares de jovens, sem oportunidades, ou quando as têm não são pagos por elas, e para esses, que são a maioria, Marinho Pinto surge como um justiceiro, alguém que os defende junto dos opressores. Foi essa a lógica que ditou o sentido de voto na Ordem, daí a estrondosa vitória de Marinho.
Os próximos 3 anos vão ser mais do mesmo. Ataques à Justiça, diabolização do sistema de ensino do Direio junto das faculdades, necessidade da Ordem se proteger dos milhares de licenciados que vão a parar a Direito à falta de imaginação, e os órgãos da Ordem a quererem sabotar o mandato de Marinho.
- Ernâni Lopes e Tânia Silva. O primeiro, uma figura de alto relevo da sociedade, a quem o País muito deveu nos tempos do Bloco Central, no controlo do défice orçamental e entrada na CEE, e que nos últimos anos travou dura batalha contra um linfoma de que padecia. A segunda, um nome desconhecido para o País, mas não para Esposende, onde a sua luta contra a leucemia, em que procurou um dador de medula óssea compatível, moveu a sociedade esposendense como nunca se tinha visto, num exemplo de persistência e coragem que a todos impressionou, puxando a solidariedade e generosidade de um povo ao de cima. Faleceram os 2 esta semana, depois de terem combatido sem quartel as doenças de que padeciam.
Quando vemos casos assim, de pessoas com um percurso de vida extraordinário, ou de tenra idade, que deram uma luta sem igual contra uma doença terrível, e acabarem vencidos por ela, a primeira reacção é de desânimo e pensar "perderam!". Mas não temos que ir por este lado pessimista e redutor do sucedido. Há dias deparei-me com uma máxima, que em tradução livre, dizia mais ou menos o seguinte "não chores porque acabou, alegra-te porque aconteceu".
Ernâni Lopes e Tânia Silva já não vão estar mais aqui connosco, mas enquanto cá estiveram foram certamente pessoas maravilhosas para os seus mais próximos, e que deram testemunhos de vida impressionantes que a todos que com eles conviveram seguramente marcarão as suas vidas para todo o sempre. É essa lembrança o melhor testemunho que nos deixaram, e de que nos devemos sempre lembrar nos momentos de maior aflição. E testemunhos de alegria também, porque eles tiveram os seus momentos de risos. Por isso, só temos de dar Graças por termos tido a felicidade de conhecer, pessoalmente, ou à distância, pessoas assim. Que nos marcam!
Como crente, e porque também já "perdi" 1 familiar e 1 grande amigo que me diziam muito, acredito, e gosto de pensar nisso com frequência, que não os perdi mas antes ganhei dois intercessores muitos especiais junto de Deus, e que intercederão por mim quando as ocasiões da vida o exigirem. A verdade, é que olhando para alguns acontecimentos da minha vida nos últimos anos, sinto que isso já aconteceu algumas vezes.
Gostaria que fosse essa a forma de olhar dos amigos e familiares da Tânia. Certamente que nem todos alinharão pelo mesmo pensamento, pois as crenças e fés são próprias de cada um. Mas o luto não tem que ser visto necessariamente como uma fatalidade, podendo ser encarado com optimismo. Quando leio testemunhos no FB de que "ganhou-se um anjo no Céu", é a esse optimismo que me refiro. Que não seja uma frase de despedida feita, mas antes um encarar de vida verdadeiro e sincero.

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