Cavaco Silva prepara-se para anunciar às 20h15 a sua decisão sobre a proposta de lei que visa consagrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Adivinha-se a promulgação.
Há 2 anos, quando foi referendado o aborto, Cavaco promulgou a lei não sem antes ter enviado uma mensagem aos deputados a criticar alguns aspectos da lei. Foi um procedimento algo inédito na promulgação de uma lei, diria mesmo sem pés nem cabeça naquele caso concreto, em que o Presidente criticou duramente uma lei mas acabando, ainda assim, por a promulgar. Não vou revisitar a questão do aborto, apesar das estatísticas interessantes que nos chegam todos os anos em que se comemora a aprovação do referendo. Apenas digo que Cavaco desiludiu bastante nesse ponto. Há alturas da vida de um homem, em que as convicções deverão valer mais do que a tentação de ficar agarrado no lugar.
Hoje Cavaco poderá tentar compensar essa falta com as suas convicções vetando o casamento gay. Mas não é por dar aqui e tirar ali, que um Estadista se perpetua na história de um País. Os estadistas que povoam as nossas memórias, têm consigo uma história de fidelidade aos seus valores, às suas convicções. Cavaco está demasiado refém do jogo político. O que é pena. Tem o seu lugar na nossa história, pós-25 de Abril. Mas poderia não ficar com certas manchas no seu currículo.
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