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sexta-feira, novembro 07, 2008

Cavaco

Cavaco Silva decidiu fazer da cooperação estratégica o modelo da sua Presidência, o que lhe valeu grande crédito e reconhecimento por parte daqueles para quem Portugal está primeiro, inclusivé muito boa gente do Partido Socialista.
Mas Cavaco tem também a singularidade de fazer uma espécie de promulgação com reservas. Discorda do teor de certas leis, mas acaba por promulgá-las. Como se as reservas que coloca não fossem actuais e suficientes para não deixar certas leis irem para a frente nos moldes com que foram redigidas. Primeiro foi com a lei do aborto, agora é com a lei do divórcio.
Recentemente, tivemos os casos das ameaças veladas do General Loureiro dos Santos, e agora a palhaçada pela Assembleia Legislativa Regional da Madeira. Sobre isto, e perante tais gravidades, ainda não ouvimos uma única palavra do Presidente. Que, aliás, quando foi fazer a visita oficial à Madeira nada comentou à proibição do Governo Regional em não ir lá discursar.
Devo dizer, com tudo isto, que a Presidência de Cavaco me tem desiludido. Se é certo que lhe aplaudo pela cooperação estratégica, acho indesculpável que se atravesse com certas leis do Partido Socialista que são graves para a sociedade, e que ele próprio reconhece e critica mas não tem coragem para não deixar passar. E depois estes casos que abalam o regular funcionamento das instituições e sobre os quais nada diz, prolongando um silêncio que em nada se justifica.
Espero que o Presidente arrepie caminho..

4 comentários:

Anónimo disse...

Senhor Doutor Francisco Melo, qual é a sua posição perante a palhaçada que se passa na assembleia Madeirense? Está do lado dos que defendem a não entrada do deputado do PND ou acha que este está a ser uma vitima? Gostaria de saber a sua opinião...

Francisco Melo disse...

Caro Anónimo, obviamente que não posso subscrever a reacção desajustada, desproporcionada e irracional do parlamento madeirense. Acho muito lamentável, assim como não menos lamentável são os silêncios ensurdecedores do PR ou do Governo em pôrem ordem naquela casa. Dito isto, não posso também deixar de reprovar a atitude do deputado do PND, que fez uma brincadeira de péssimo gosto. Há limites para a provocação e aquela ultrapassou-os claramente.

Anónimo disse...

Então no fundo é "preso por ter cão e preso por não ter"? A liberdade de expressão também tem limites. A liberdade de uns termina onde começa a liberdade de outros, costumam dizer e é bem verdade. Não acho a atitude do deputado do PND uma brincadeira de mau gosto, acho sim uma afronta ao poder regional e ao poder nacional. Exibir uma bandeira Nazi numa instituição governamental é intolerável em qualquer parte do mundo civilizado. Seja mostrada e apontados defeitos a quem for é uma situação que nada dignifica o PND e a nossa democracia. Certamente o povo não o elegeu para fazer este tipo de manifestações... Agora acho lamentável no meio desta trapalhada, como muitas que se passam na Madeira, que ele agora seja visto como uma vitima porque lhe barraram a entrada na assembleia. Acho que barraram e muito bem. Gente dessa não é necessária numa democracia que se diz madura. Porque quem defende uma democracia madura não se manifesta desta forma. O PR e o Governo deveriam intervir sim, para impedir que gente como esta chegasse a ocupar cargos politícos. Se há ideologias que nuncam deveriam ter nascido, são as ideologias extremistas e acima de tudo a ideologia Nazi.

Francisco Melo disse...

Anónimo, parece-me muito forçado dizer que o deputado do PND é nazi ou promove essa ideologia. Se bem percebi do seu protesto, o que ele quis foi acusar os deputados do PSD Madeira de extremistas na medida em que as suas propostas de reduzir o tempo de participação da oposição nos debates, sendo a mais recente aquela que faz corresponder o tempo ao número de representação (o que significaria por exemplo que tendo o PND apenas um deputado, só lhe dava aí 1 minuto de participação) são uma grave asfixia democrática. Obviamente que o modo de protesto foi infeliz (mais eficaz fora aquele de levar o relógio pendurado ao pescoço), mas o deputado do PND está a usar das mesmas armas que Jardim e séquito usam contra a oposição. Dito isto, foi grave o protesto com recurso à bandeira nazi, mas o PSD Madeira também esteve mal ao proibir a entrada no Parlamento. Os deputados gozam de imunidade, e quanto a isso nada há a fazer. Basta lembrar os protestos do B.E. na AR com as suas t-shirts manhosas pró-aborto. O PR e o Governo têm que intervir pela força das ideias e não pela ideia da força. Impedir um deputado de levar a bandeira nazi concerteza, mas também impedir que quem seja governo impeça o livre exercício do seu mandato.