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quinta-feira, maio 13, 2010

Uma grande felicidade interior!


A frase que intitula este post foi proferida por um dos colegas que comigo foram até ao Terreiro do Paço participar na missa celebrada pelo Papa Bento XVI.

Escolhi-a porque durante a caminhada do Marquês de Pombal até ao Terreiro do Paço, esse colega confessava que, apesar da educação católica que tivera, não era grande praticante, e até discordava de algumas das posições da Igreja. Mas, ainda assim, queria muito ver o Papa, queria muito fazer parte destes acontecimentos, porque sentia muito presente em si esse desejo de procura, de ir ao encontro. A frase que expressou no final de uma longa tarde fala por todos nós que lá tivemos, resumindo acertadamente o espírito que todos sentíamos!

Indo ao início: Bento XVI não é João Paulo II, o escândalo da pedofilia foi um duro murro na Igreja, e havia todas as razões para temer que esta viagem pastoral do Santo Padre ao nosso País pudesse não ter a melhor adesão. Eu próprio tive essa dúvida até à última.

Mas, no dia anterior à chegada do Papa, ouvindo a nota de abertura da Renascença caio em mim: não é o Papa que aí vem, mas sim o sucessor de Pedro, o próprio Pedro, discípulo dilecto de Cristo! Para mim foi o que bastou para se dissipassem todas as dúvidas. Chame-se Joseph ou Karol, quem vem à minha Pátria, ao meu encontro é Pedro. E eu queria muito ir ter e estar com Ele!

Logo pela manhã, associei-me a alguns colegas e fomos para a Avenida Fontes Pereira de Melo aguardar pela chegada do Papa, no papamóvel. Uma imensa multidão já esperava por ele. Logo aí vi que esta peregrinação a Lisboa seria inesquecível: a grande adesão popular era uma realidade! Foi um momento de grande emoção ver o Santo Padre passar tão de perto e acenar para onde me encontrava.

O início da tarde anunciava-se mítico! Uma concentração de milhares de jovens do "Eu Acredito" e uma romaria a pé do Marquês de Pombal até ao Terreiro do Paço (uns bons 5km). Era uma enorme onda azul. E, para mim, uma estória de contornos inesquecíveis! O movimento "Eu Acredito" consistia em jovens que se tinham inscrito para integrar a missa nessa qualidade, pagando para isso uma inscrição simbólica, e recebendo em troca uma t-shirt azul e pulseira que daria acesso a uma área do recinto reservada só para eles e logo uma das melhores daquele espaço.

Como me armei em Zé Toni, perdi essa oportunidade de me inscrever, e logo fiquei desolado por ver que iria ficar afastado dos meus durante a missa. Mas, nada de desanimar! Um dos colegas com quem ia disse "foram tantos os inscritos que não há pulseiras para todos! Vão deixar passar quem tiver t-shirt também! Vou-te emprestar a minha e assim entras connosco!"

Já dentro do Terreiro do Paço e a caminho da área reservada, vejo um posto de controlo em que uns controladores iam gritando para os jovens levantarem os braços e mostrarem as pulseiras. Mas, como eram tantos, podia ser que passasse despercebido. Levanto o braço timidamente, estou a conseguir entrar, quando uma rapariga que não me apercebo, grita e pede-me para mostrar a pulseira. Tentei então passar a história da t-shirt que também dava como senha de acesso. Ela desconhecia e logo começou com bateria de perguntas. Comecei a ficar atrapalhado. O meu colega, sem a t-shirt, aparece em meu socorro. Ela começa a disparar contra ele também, que seria armada nossa para eu entrar. Mas, nesse momento, o anjo-da-guarda deu um empurrãozinho e, quando parecia que ia ficar mesmo à porta, ela acabou por dizer "vá, passe lá então". Não cabia em mim de contente!

Fiquei então nessa área reservada, e ficámos à espera que a hora e meia que faltava passasse rápido. E assim foi! Nada de beber muita água, que à falta de casas-de-banho nas imediações, seria uma grande chatice ficar, repentinamente, aflito!

17h30, o Papa inicia o percurso da Nunciatura até ao Terreiro do Paço. Os ecrãs gigantes transmitiam em directo o que se passava e o entusiasmo ia em crescendo.

Com a chegada do Papa e a volta ao recinto, foi uma festa enorme! Que fantástico ter o Papa no meu País, na minha adorada cidade de Lisboa!!

A missa, essa, dispensa todas as palavras. O cenário era fantástico, e toda a liturgia foi muito bonita, desde a música, passando pelos próprios discursos. Fica aqui a homilia do Santo Padre, donde destaco as palavras de ordem, que dão todo um sentido à minha militância diária de católico.

Cristo está sempre connosco e caminha sempre com a sua Igreja, acompanha-a e guarda-a, como Ele nos disse: «Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos» (...) Vivei a vossa vida com alegria e entusiasmo, certos da sua presença e da sua amizade gratuita, generosa, fiel até à morte de cruz. Testemunhai a alegria desta sua presença forte e suave a todos, a começar pelos da vossa idade. (...) Com o vosso entusiasmo, mostrai que, entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos – todos aparentemente do mesmo nível –, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida e, consequentemente, a alegria verdadeira e duradoura.

No momento da comunhão, aproveitando que muitos se tinham afastado das grades, um dos colegas diz-nos "é aproveitar ir para as grades e ver assim mais de perto o Papa". Assim fizemos, embora com algum receio que pudesse levantar onda de desagrado por parte de quem estivesse junto das grades desde o primeiro instante. Mas, felizmente, tal não aconteceu. Ao irmos para as grades a ideia era ver o Papa mais de perto, mas quando me refiro perto não é pra ficar a 3 metros mas sim a uma distância de 50/100m.Afinal, o Papa quando entrara para o Altar não o fizera por dentro, e contávamos que a saída fosse igual. Por isso, ao vê-lo melhor, seria sempre à distância.

Pois bem, quando vemos que afinal o Papa vem a regressar por dentro, precisamente pelo corredor onde estávamos colados à grade, aquele pequeno mar de gente que aí se encontrava encheu-se de uma euforia sem igual. Um dos colegas (também ele pouco praticante mas contentíssimo pelo dia que estava a passar) tem a seguinte tirada, que por instantes gelou o espaço "bem, se alguém se lembra de rebentar uma bomba estamos tramados que não temos hipótese de sair daqui, já que estamos tão perto". Mas logo a seguir desatámos todos a rir. Haja (quem tenha) espírito provocante naquele momento de entusiasmo!
Era uma longa fila de celebrantes que passava pelo corredor. A determinada altura começam a surgir os bispos. Lembro-me logo de D. Manuel Clemente, de que sou grande entusiasta. Nem de propósito: passa encostado à nossa grade! Solto um grito "D. Manuel!". O bispo do Porto olha para trás, eu meio desconcertado (certamente com cara de pateta) aceno para ele todo entusiasmado, e o D. Manuel simpaticamente retribui-me o cumprimento. Estava a fazer-se história na minha vida!
E esta tem o seu auge quando minuto depois surge, então, finalmente, o Papa Bento XVI. A passar à distância de 2, 3m. Acho que nunca mais na vida verei o Santo Padre assim tão de perto!

Foi sem dúvida um dos dias mais felizes da minha vida!!!
Ficámos em êxtase, todos super-contentes! O Papa notava-se na sua expressão que estava felicíssimo por esta viagem pastoral. Portugal estava a aproveitar à altura a ocasião única da sua peregrinação.
Foi um dia em cheio, daqueles que nos realizam. Foi pois uma enorme felicidade interior aquela que o Papa nos provocou neste inesquecível 11 de Maio de 2010.

1 comentário:

Enfnokas disse...

É com este tipo de ralato,
de experiencia de fé, que sentimos renovado o entusiamo e o orgulho de nos sentirmos mais católicos!!!

EU ACREDITO :)