A recente divulgação do ranking das escolas não trouxe nada de novo, confirmando aquilo que toda a gente sabe, ou seja, é nas escolas privadas que se verificam os melhores resultados escolares, sendo estas centros de excelência e preferência por parte de muitas famílias, nomeadamente, as de maior posse. No entanto, isto não invalida que na escola pública não se encontrem bons exemplos.
Fiz toda a minha carreira escolar (primária, ciclo, liceu, faculdade) no ensino público, e com muito orgulho! Guardo com muita gratidão os meus anos passados na escola, pelos conhecimentos aprendidos, experiências adquiridas, amigos e amigas intemporais feitos e, claro está, por professores que foram autênticos mestres, simbolizando a magnimidade do que deve ser a escola na formação da pessoa.
Mas, claro está, que não depende apenas da motivação do aluno e da competência do professor o maior ou menor sucesso escolar. Com efeito, há outros ponderáveis que importa equacionar. A estrutura familiar, o contexto social onde se está inserido. Com efeito, não é a mesma coisa estudar com colegas que também eles são ambiciosos, o que puxa por nós, do que estudar com colegas com poucas ambições. E se for esse o segundo caso, entra-se numa espiral em que os resultados só podem ser modestos. Com turmas pouco ambiciosas, não há como exigir muito dos alunos, e a preparação destes ressente-se. Por isso é que o ensino público é mais frágil porque não pode haver selecção de alunos, ao contrário de muitas escolas privadas que conseguem reunir apenas a nata.
A inversão dos rankings importa uma empreitada que não vai lá apenas pela redução de exames ou o facilitismo do não chumbo pelas faltas. É mais estrutural. Só que isso implica uma acção muito forte do Estado, com o compromisso de todos os agentes (Escola, autarquias, famílias), algo que se avizinha difícil num ambiente como é o de Portugal, em que para se tomarem medidas radicais visando resultados radicais, ninguém está para isso.
Lembro-me de uma vez na faculdade um professor ter-nos perguntado como correra o teste. Resposta unânime "difícil...puxado...complicado" ao que ele respondeu "ainda bem" por entender que assim os alunos eram respeitados. Um teste que fosse todo ele fácil significaria que não esperaria muito dos alunos, não respeitando a qualidade que estes devem e se propõem ter. Nunca mais me esqueci dessa lição. Toda ela cheia de razão. E é daí que vem um dos grandes defeitos do ensino público. Ao reduzirem-se exames, ao imporem provas globais mas que não contam para nada nas notas, ao não chumbar um aluno por faltas injustificadas, a escola sai muito mal, porque em vez de preparar os futuros homens e mulheres de amanhã, está a dar sinal de que com pouco esforço também poderemos lá chegar. E esse princípio, jamais, será aplicado no ensino privado.
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