Ontem, dia em que foram conhecidas novas sondagens para as eleições de 5 de Junho, os portugueses ficaram ainda mais atónitos.
Como é possível que Sócrates, o primeiro-ministro do Governo responsável pelos piores resultados dos últimos anos, a nível financeiro e económico, consiga estar à frente nas sondagens? Ou, por outras palavras, como é que Passos Coelho, desperdiçou em tão pouco tempo uma margem de 5% de vantagem nas sondagens?
Passos Coelho, que foi exímio para chegar à liderança do PSD, está a confrontar-se com o país real. E o país real não é o PSD. Aquilo que pode muito bem chegar para pôr fora um líder que não se gosta não é necessariamente válido para conquistar o País e a confiança dos portugueses.
A justificação falsa para rejeitar o PEC IV, o atabalhoamento na explicação das medidas que se propunha introduzir em alternativa às do PEC IV, a elaboração das listas para as legislativas, etc, foram demasiados acontecimentos, num curto espaço de tempo, que desmontaram o benefício da confiança que os portugueses estavam a atribuir a Passos Coelho. Afinal, o líder do PSD não está preparado para ser Primeiro-Ministro, nem há nada que assegure que consiga ser melhor do que Sócrates.
As eleições para Primeiro-Ministro são demasiado sérias para se confundirem com as eleições da Jota. Mais, Sócrates é um animal político, a máquina propagandística do PS está a funcionar muito bem, e o PSD devia ter isso em conta, a partir do momento em que se deu o pontapé de saída para as eleições.
Vai ser muito difícil para que Passos Coelho recupere os créditos de que dispunha há 3 meses atrás, por exemplo. Agora que já está em condições de igualdade com Sócrates, no que toca a concorrer a PM, as diferenças e defeitos surgem em maior plano, e se o partido não arrepiar caminho, não se vislumbra como depois de 5 de Junho as coisas possam ser diferentes...
2 comentários:
Caro Francisco, penso que o estado das coisas demonstra algo triste que é o "descumpromisso" da nossa sociedade para com a política. Quantas vezes ouvimos pessoas a queixarem-se dos políticos, mas que não votam nem nunca pensaram em fazer parte de um partido? A política vai ter que ser tomada pela sociedade.
Caro Manuel, concordo com o comentário. Mas relativamente à conclusão, de que a "política vai ter que ser tomada pela sociedade" vejo-a com alguma relutância. Os partidos, tal como os conhecemos nos dias de hoje, gostam de trazer independentes para darem 1 lufada de ar fresco, mas estes acabam por se ver asfixiados pela ditadura dos partidos, do caciquismo local, acabando por sair desiludidos. A alternativa é criar movimentos da sociedade civil, independentes. Houve a tentativa de Nobre, que granjeou muitos simpatizantes, mas depois deitou tudo a perder quando aceita ser cabeça de lista do PSD. É difícil reunir personalidades independentes à margem dos partidos, porque estas acham que só por estes é que conseguirão alcançar os seus propósitos.
Nesse aspecto Portugal ainda é muito partidodependente.
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